Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Maysa Polcri
Publicado em 6 de junho de 2025 às 10:30
Informações oo Censo 2022 divulgadas nesta sexta-feira (6) revelam o perfil religioso dos moradores de Salvador. Pela primeira vez, menos da metade da população da capital se declarou católica. Os adeptos da doutrina representam 44% da população. Já os evangélicos, 24,3%. Chama atenção ainda o número de soteropolitanos que não se identificam com qualquer religião - eles são o terceiro grupo mais representativo da cidade. >
A proporção de pessoas sem religião é de 18,5% em Salvador, a maior entre todas as capitais do Brasil. Assim como acontece na Bahia e no Brasil, o número de evangélicos cresceu em 12 anos - aumento de 17,9% na capital. Enquanto isso, o número de católicos reduziu 22,5%. "A Bahia acompanha o que está acontecendo no plano nacional, onde a Igreja Católica vem sofrendo um declínio do número de fiéis desde os últimos censos. Vemos uma pluralidade maior no campo religioso, com a diminuição da hegemonia católica, que é histórica no Brasil", detalha Magali Cunha, pesquisadora do Instituto de Estudos da Religião (Iser).>
O número de pessoas sem religião é mais representativo entre os jovens. Especialistas apontam que eles estão mais sujeitos ao trânsito religioso. "O campo religioso no Brasil vem se modificando com força desde os anos 1990, e vemos um aumento do trânsito religioso, que é o caminhar que as pessoas fazem entre uma igreja e outra, sem grande comprometimento", analisa Vilson Caetano, que possui doutorado em Antropologia e é babalorixá da Casa do Rei e Senhor das Alturas. >
As pessoas que não se identificam com determinada religião não são necessariamente ateias. Elas podem ter algum tipo de crença, mas não seguir uma doutrina religiosa. Em números absolutos, Salvador possui a 3ª maior população sem religião do país, atrás apenas de São Paulo e Rio de Janeiro. >
O Censo também revela que o número de adeptos da umbanda ou candomblé duplicou na capital, saindo de 25,8 mil para 59,9 mil. "As religiões de matrizes africanas vêm conscientizando os próprios adeptos a sair do anonimato e verbalizar qual é a sua religião. As políticas públicas nos últimos 12 anos que contemplaram as comunidades tradicionais e povos de terreiros também contribuem para isso", pontua Vilson Caetano. Já os espíritas representam 2,4% da população, o 6º maior número absoluto do país. >